Indignação com o Descaso dos Governos pela Educação Infantil.
A educação infantil é a base para o desenvolvimento de um país, mas, lamentavelmente, doze governos estaduais no Brasil têm negligenciado essa etapa crucial em seus orçamentos. Creches e pré-escolas, embora sejam de responsabilidade dos municípios, devem receber suporte financeiro dos estados, especialmente diante das dificuldades financeiras e técnicas enfrentadas pela maioria das prefeituras. É inaceitável que regiões com maiores desafios, como Norte e Nordeste, sejam deixadas de lado, aprofundando ainda mais as desigualdades sociais.
Os dados do Instituto Articule são alarmantes e revelam uma triste realidade. Estados como Acre, Amapá, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins não mencionam sequer uma vez termos ligados à educação infantil em suas leis orçamentárias. Essa omissão é uma clara violação dos direitos das crianças e uma demonstração de como as prioridades governamentais estão desalinhadas com as necessidades básicas da população.
A falta de vagas em creches é um dos principais gargalos da educação brasileira, com 2,3 milhões de crianças de até três anos fora das escolas por dificuldades de acesso, segundo levantamento do Movimento Todos pela Educação. Os maiores índices de exclusão estão justamente nas regiões Norte e Nordeste, onde a ausência de previsão orçamentária para a educação infantil é mais evidente. Estados como Acre, com 48% das crianças fora das creches, não podem continuar ignorando essa realidade.
O professor Rubens Barbosa, da Associação Nacional de Pesquisadores em Financiamento da Educação, afirma que é preciso mudar a cultura política para que os estados assumam suas responsabilidades. A educação infantil não pode ser tratada como uma mera questão assistencialista; é um direito fundamental que precisa estar claramente previsto e protegido nos orçamentos públicos. A redistribuição dos recursos fiscais dos estados e municípios, como prevê a emenda constitucional de 1996, deve ser usada prioritariamente para melhorar os índices educacionais.
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